Esta noite vai ficar marcada em minha vida como o pior show
de uma banda americana em todos os tempos. Só não fiquei mais triste por um
simples motivo: a banda de abertura. O Punkake, banda oriunda de Curitiba, do
Paraná, fez um show de abertura de ficar orgulhoso de nossa cena alternativa. A
banda, formada exclusivamente por garotas, usaram e abusaram de refrãos
marcantes e distorções características dos anos 90 – pode-se usar grandioso L7
dos anos 90 como referência aqui misturado com Gossip (banda indie americana
que tem como Beth Ditto como frontwoman).
Com Bacabi (vocal), Lívia (guitarra), Lucy Peart (bateria) e Ingrid
(baixo) o Punkake me deixou perplexo com o entrosamento das integrantes.
Brincando com o público, a guitarrista Lívia vivia dizendo que Bacabi estava
livre, leve e disponível – como conseqüência, cantadas eram gritadas e
constantemente retrucadas pelas garotas com respostas ácidas como “Eu sou gay,
não gosto de homens!”. Era bem engraçado. A banda se apresentou por exatos 45
minutos e sinceramente, ela poderia ter tocado por mais 40 minutos, já que o
Puddle of Mudd entrou no palco com 40 minutos de atraso. A banda entrou no
palco tocando a música ‘Control’. O que eu não entendi foi o medley para ‘War Pigs’
do Black Sabbath usado para estender a música em mais dez minutos. A voz de Wes
Scantlin estava irreconhecível, que usava e abusava dos backing vocals dos
novos integrantes de banda. O que mais me impressionou foi que Wes estava
claramente alterado. Esquecia as letras de suas músicas mais famosas e enrolava
fazendo pseudo- solos sem criatividade alguma. Percebia-se que com o tempo os
próprios fãs tinham se cansado da apresentação horrível que a banda fazia. Ao
invés de empolgar e remeter os fãs aos tempos áureos do grunge, o Puddle of
Mudd deu um choque de realidade aos fãs. Mostrou que o grunge ficou para trás,
morreu nos anos 90 junto com o Kurt Cobain. Mas quem achava que a estupidez do
vocal tinha parado por aí, se enganava. Wes extrapolou pedindo cigarro para
todo Mundo (inclusive fãs), sendo que fumar é proibido em ambientes fechados em
São Paulo – sem contar que o guitarrista também bebia sem parar. Parecia que a
banda estava num boteco de segunda . ao entonar o grande clássico da banda,
‘She Fucking Hates Me’, a banda não somente errou a música na cara dura, mas
também ficou enrolando por mais 15 minutos para continuar o som. Eu neste
momento desisti da apresentação – como muitos outros que foram pedir o dinheiro
de volta na bilheteria da casa de shows. A banda, quando começou a levar copos,
tênis e pontas de cigarro na cara desistiu e deixou o palco sem se despedir. Todas
as milhões de juras de amor ao público brasileiro foram esquecidas em
instantes. Foi um dos maiores fiascos de uma apresentação na história do HSBC
Hall. Como disse anteriormente, o que era para ser um belo de um revival,
demonstrou para todos naquela noite que o grunge morreu e levou o Puddle of
Mudd com ele. [MF]